No ano de 2015 publiquei verbete no Dicionário da terra e do Império Português, que tem a Direção de José Vicente Serrão, Márcia Motta e Susana Münch Miranda.
O e-dicionário é "Dicionário histórico electrónico, de acesso livre online, sobre temas
relacionados, em sentido lato, com a terra, os direitos de propriedade e
a organização do espaço nos vários territórios que incorporaram o
antigo Império Português, entre os séculos XV e XX" (E-dicionário).
O verbete publicado por mim é caboclo:
Termo utilizado em diferentes regiões da colônia portuguesa na América
com significados diversos. Na região Amazônica, caboclo estava associado
à classe dos trabalhadores pobres da floresta, numa condição relacional
de posição social inferior àquela do interlocutor. Para algumas
comunidades indígenas era sinônimo de tapuiu, condição de
desprezo por parte das mesmas. Tratava-se de pessoa livre, que vivia da
extração dos recursos da floresta, com hábitos alimentares e condições
de moradia diferentes dos colonizadores. Etimologicamente, uma das
definições origina-se do Tupi caa-boc, “o que vem da floresta”,
sendo também entendida como pessoa que se escondia para fugir. Assim, o
termo era utilizado pelo interlocutor num sentido depreciativo a quem
ele se referia. A segunda definição etimológica deriva de kari’boca,
“filho do homem branco”, advinda do processo de estratificação
étnico-social ocorrido no período, através da miscigenação, sendo o
caboclo o(a) filho(a) de um homem branco com mulher indígena, ou de
homem indígena com mulher branca, com um sentido depreciativo. No
período colonial, nos sertões que fazem parte do atual Nordeste
brasileiro, o termo era utilizado como referência aos indígenas
aldeados, que, no entanto, consideravam o mesmo ofensivo. Também
designava a população rural subalterna que vivia do trabalho na terra,
na condição de posseiro ou morador, com os traços culturais e físicos
mencionados. Na região do extremo sul da colônia, o caboclo era
reconhecido como o trabalhador livre que vivia da natureza, sendo
identificado como pessoa que, por não ser proprietária de terras, vivia
da extração vegetal, da caça, da pesca, do cultivo sazonal e do trabalho
eventual em derrubada do mato, cuidando de rebanhos ou no trabalho das
roças. [A: Darlan Reis Junior, 2015]
Este e demais verbetes podem ser acessados em:
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