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Cólera, varíola e fome no interior da província do Ceará: as crises sociais no Cariri do século XIX



Resumo: Na segunda metade do século XIX, a região conhecida por Cariri cearense, localizada no extremo sul da província do Ceará, vivenciou epidemias de cólera, varíola e fome. O artigo discute a repercussão desses fenômenos e como os mesmos estão relacionados às crises sociais que atingiam a população pobre, livres, escravizados e indígenas, bem como as ações estatais.

Palavras-chave: Epidemias; Ações do Estado; Classes Sociais; Pobres; Brasil Império.  


"No Brasil Império, com uma sociedade marcada por fortes desigualdades econômicas, escravidão, pobreza, discriminação das classes subordinadas e patrimonialismo, havia um permanente estado de tensão por parte das autoridades constituídas e por setores das classes senhoriais. O medo das chamadas “classes perigosas”, da violência vista como inerente às mesmas, da insurreição dos escravos, das rebeliões dos pobres, traduzia-se em formas de leis, estruturas policiais, discursos e na elaboração de uma espécie de saber destinado ao controle social. Por outro lado, as classes subordinadas também tinham seus receios. Pequenos camponeses temiam perder suas terras para os grandes fazendeiros, por exemplo. Havia o medo da fome, da miséria, que assolavam as camadas pobres. Os libertos temiam a reescravização, assim como, homens e mulheres que eram livres, segundo a legislação da época, temiam a chamada “escravização ilegal”. Os escravizados sofriam, além da própria violência que é a escravidão, com a violência física, o temor da venda e separação dos arranjos familiares, a discriminação de outros setores, enfim, com todo o estigma das relações escravistas".



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